sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Quando baixa a maré


Ar, nesta linda tarde de verão
Tua lembrança é uma foto cinza
Que as ondas vão apagando
Que difícil desenhar teus rastros
Meio dia depois de partir

Ar, se seus olhos eram figos negros
Se os dentes gomos de limão
Não me lembro do formato de suas sobrancelhas
Nem se quer posso falar apenas
De outra coisa que não seja seu odor

A mente quando baixa a maré
Por puro instinto de conservação
Tenta queimar cada pista
Que deixa atrás o passo do amor

A mente quando baixa a maré
Mostrando a estrutura da dor
Ativa um mecanismo de defesa
Para que não se afogue o coração

Ar, me falta o ar
Nessa linda tarde de verão
Não consigo te descrever
Tua lembrança é uma foto cinza
Apenas de perfil
Que as ondas vão apagando

Ar, tento desenhar
Seus rastros quase já não posso ver,
Por mais que eu tente
Que difícil é reconhecer,
Com tudo o que amamos
Que não deixou apenas pistas

Ar, agora quando baixa a maré
E o naufrágio já é total
Que Pena...

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